English Spain Français Italian Japan Russian Korea

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Fotos Uruburetama






.

Materia Jornal O POVO


Materia Extraida do Jornal O POVO Publicada em 08 de Fevereiro de 2009.




Moradores de Uruburetama pedem providências para frear o desmatamento próximo à nascente do rio Mundaú. A denúncia está sendo apurada pela Semace. A população quer evitar o risco de o manancial morrer por causa da agressão...

Uma denúncia de crime ambiental na região Norte está sendo investigada pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). Uma comissão da Área de Preservação Ambiental (APA) do rio Mundaú esteve, na última quinta-feira, em Itapipoca, fiscalizando um suposto desmatamento de árvores de grande porte para fins comerciais e, também, agrícolas. A irregularidade estaria acontecendo ao redor da nascente do manancial, situada na localidade Cabeceiras do Mundaú. O rio também corta as cidades de Uruburetama e Tururu, com foz no litoral de Trairi. A informação chegou à Semace, na última terça-feira, por meio da organização não-governamental Pela Preservação do Rio Mundaú (ONG Primun). De acordo com o presidente da entidade, Moésio Mello, a nascente está numa propriedade privada. Há cerca de dois meses, ele denuncia, teve início o desmatamento. A ONG enviou ao O POVO as fotos do que seria a área desmatada. “E já está num estado crítico. Era uma área fechada, mas já está toda aberta”, completa. Conforme Moésio, os representantes da ONG estiveram no terreno, conversaram com o dono e não conseguiram convencê-lo a cessar a derrubada. O Moésio supõe que as árvores sejam cortadas para venda da madeira e, em seguida, o plantio de banana - cultura tradicional da região - na área desmatada.

O presidente afirma que o temor da comunidade é de que, com o problema, o rio seja diretamente atingido e tenha perdas em seu potencial hídrico. O manancial é barrado pelo açude Mundaú, em Uruburetama, com capacidade para 21,3 milhões de metros cúbicos. De acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o reservatório pereniza o rio Mundaú entre Uruburetama e Tururu. Responde ainda pelo abastecimento humano de comunidades ribeirinhas e de parte das populações de Itapipoca e Tururu, além de ter fins de irrigação.

Danos O professor de Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Ceará (UFC), Moisés Custódio Saraiva Leão, explica que os danos ambientais, com o desmatamento próximo à nascente, podem até decretar o fim do rio Mundaú. Ele comenta que as raízes da vegetação retêm a água pluvial e a libera para o curso do manancial. A longo prazo, ressalta o professor, haveria o risco de a nascente, seca, não dar mais vida ao rio. O POVO tentou ouvir o dono da propriedade, mas não conseguiu o contato.

DENUNCIE Em caso de qualquer agressão à natureza, formalize a denúncia, que pode ser anônima. Disque Denúncia - 0800 275 22 33


E-Mais ...

De acordo com o presidente da organização não-governamental Pela Preservação do Rio Mundaú (ONG Primun), Moésio Mello, as árvores desmatadas são, por exemplo, pau branco, oiti e Ipê. As estatísticas da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) apontam que o açude Mundaú, hoje, está com 62,8% de sua capacidade. O volume atual está em torno de 13,38 milhões de metros cúbicos. A capacidade é de 21,3 milhões. A Semace explica que a fiscalização tem o objetivo de constatar o local exato do suposto desmatamento e, também, apurar se o dono da propriedade dispõe de algum tipo de autorização. Moésio Mello afirma ainda que o terreno foi recém-adquirido pelo atual proprietário. De acordo ainda com o presidente da ONG Primun, o antigo dono o alertou sobre a necessidade de preservar a vegetação, mas não houve resultado.

Semace constatou crime

A Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) afirma que tem realizado fiscalização nas terras de propriedade privada, próximas às nascentes do rio Mundáu, e constatou um desmatamento criminoso em Área de Preservação Permanente (APP). “O processo de degradação ambiental está bastante avançado e o proprietário das terras desmatou toda a vegetação do entorno de várias nascentes e construiu uma barragem formando uma lagoa alimentada por essas nascentes, desviando assim o curso delas”, informou a Semace em nota. Por isso, foi emitido um auto de constatação para o proprietário comparecer no órgão. De acordo com a Semace, o proprietário já compareceu e assinou o termo de compromisso, responsabilizando-se por apresentar um Plano de Recuperação de Área Degrada (PRAD), recuperar a área e retirar a barragem do rio Mundaú. Além disso, ele estará sujeito às sanções penais e administrativas. A multa, prevê a Lei de Crimes Ambientais, pode chegar a R$ 50 mil, por hectare ou fração desmatada. A detenção varia de um a cinco anos. Técnicos da Semace continuam fiscalizando o local.